O presidente Donald Trump está preparando um anúncio sobre tarifas automotivas já para esta quarta-feira (26), de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. O movimento aumentaria sua disputa com parceiros comerciais globais antes de uma investida tarifária mais ampla prevista para a próxima semana.
As pessoas compartilharam o momento do anúncio esperado sob condição de anonimato, por se tratar de planos que ainda não foram tornados públicos. Uma das pessoas, no entanto, alertou que planejamento do presidente ainda pode mudar.
As ações da General Motors e da Ford atingiram mínimas da sessão com a notícia e caíram menos de 1% às 11h58 em Nova York. As ações da Stellantis apagaram ganhos anteriores.
Trump disse a repórteres no início desta semana que detalharia as tarifas automotivas nos próximos dias, indicando que elas poderiam vir antes do lançamento planejado para 2 de abril, que inclui tarifas recíprocas abrangentes visando outras nações. O presidente afirmou que as tarifas ajudarão a estimular o crescimento no setor automotivo doméstico e forçarão as empresas a mover mais produção para os Estados Unidos.
O nível e o escopo das tarifas automotivas não estão claros, nem quais isenções seriam incluídas ou consideradas —caso elas existam. Também não está claro se as tarifas entrariam em vigor imediatamente ou ao longo do tempo, e se atingiriam veículos acabados ou também peças automotivas.
As tarifas, no entanto, marcariam uma expansão significativa da disputa comercial do presidente e provavelmente envolveriam algumas das maiores marcas automotivas em países como Japão, Alemanha e Coreia do Sul, todos grandes parceiros comerciais dos EUA.
O movimento corre o risco de interromper as operações dos fabricantes de automóveis americanos, que dependem de cadeias altamente integradas entre os EUA, México e Canadá.
As tarifas automotivas poderiam potencialmente atingir uma parte significativa das importações de carros e caminhões leves dos EUA, avaliadas no ano passado em mais de US$ 240 bilhões (R$ 1,3 tri).
PREÇOS DOS AUTOMÓVEIS
O movimento está prestes a tornar os carros mais caros para os consumidores já apreensivos com a inflação, e amplificar preocupações de que as tarifas de Trump lançarão a economia em uma recessão. As tarifas provavelmente aumentarão os preços dos carros fabricados no exterior, mas mesmo os veículos fabricados nos EUA veriam aumentos de preços se suprimentos e peças forem atingidos por tarifas ou se as cadeias de suprimentos forem cortadas da fabricação em países de menor custo.
Analistas estimaram que novas tarifas poderiam aumentar os preços de carros novos em milhares de dólares por veículo. Um estudo recente descobriu que tarifas sobre o Canadá, México e China aumentariam o custo de produção de um veículo crossover em cerca de US$ 4.000 (R$ 22,9 mil), enquanto um veículo elétrico fabricado nos EUA subiria cerca de US$ 12 mil (R$ 68,9 mil).
Trump está apostando que suas medidas tarifárias irão reformular a indústria dos EUA e afirmou que sua abordagem já está funcionando. Nesta semana, ele recebeu executivos da Hyundai na Casa Branca e elogiou o plano de expansão de US$ 21 bilhões (R$ 120 bi) da montadora sul-coreana nos EUA como “uma demonstração clara de que as tarifas funcionam muito bem.”
No entanto, a imposição de tarifas comerciais por Trump tem sido errática, marcada por atrasos e suspensões enquanto ele extrai concessões políticas de parceiros comerciais. Essas mudanças abalaram os mercados e deixaram líderes empresariais inquietos ao enfrentarem decisões de investimento e contratação.
Trump impôs tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá no início de março, mas adiou por um mês aquelas sobre bens —incluindo automóveis e peças— que estão cobertos pelo acordo comercial norte-americano USMCA. Executivos das três grandes montadoras de Detroit pressionaram Trump pelo alívio, dizendo que precisavam de mais tempo para se adaptar, dado o estreito nível de integração do setor em todo o continente.
As novas tarifas irão exacerbar suas preocupações, com Trump tendo dito que não daria outro alívio aos fabricantes de automóveis dos EUA. Embora ele tenha dito que quer mais produção doméstica, isso pode demorar anos, dado o tempo necessário para construir novas fábricas e as preocupações sobre a viabilidade de muitos fornecedores se adaptarem.
Líderes da Ford e da Stellantis, fabricante do Jeep, instaram a Casa Branca a mirar nos cerca de 4 milhões de veículos importados anualmente para os EUA que são fabricados sem conteúdo de peças dos EUA.