Pesquisadores afirmam que o governo de São Paulo promove um desmonte na área de desenvolvimento tecnológico agropecuário e que o derradeiro golpe será a venda de áreas da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios).
Nesta terça (8), o governo convocou uma audiência pública para a próxima semana com o intuito de discutir a privatização de 35 fazendas localizadas em 25 municípios do interior paulista hoje utilizadas para atividades de ciência e tecnologia voltadas para a agricultura familiar, segurança alimentar e desenvolvimento do agronegócio brasileiro. A ideia é leiloar as propriedades inteiras ou parte delas.
A estratégia faz parte do plano São Paulo na Direção Certa. Por ele, o governador Tarcísio de Freitas busca, desde o fim do ano passado, vender prédios públicos sem função. A meta é levantar R$ 1 bilhão até o fim deste ano com a inclusão de novos recursos para a redução de despesas.
Pesquisadores, porém, afirmam que essas áreas da APTA estão ativas e são importantes para o crescimento do estado e do país. Localizado em São Roque, um dos terrenos foi essencial para o desenvolvimento de uma técnica de poda e colheita que impulsionou a produção de vinho na região, inclusive com produtos premiados.
Desmonte
Pesquisadores relatam desmontes na infraestrutura de pesquisa estadual. Eles dizem que, se há espaços ociosos nessas áreas da APTA, é porque os últimos governos, inclusive o atual, diminuíram os investimentos na agência, impossibilitando, inclusive, renovação dos quadros.
“Nesses espaços ocorrem pesquisas que são fundamentais para atender as demandas da sociedade”, diz Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC (Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo). “O que o governo deveria fazer é aumentar os investimentos, não diminuir as áreas”, completa.
Venda de parte dos terrenos ajudará agência, diz governo
Consultada, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo disse, em nota, que as alienações não envolverão a totalidade das unidades, “permitindo assim a continuidade integral das pesquisas em andamento”.
Questionada sobre a expectativa do valor levantado com os leilões, a pasta disse que o assunto ainda está sendo estudado pelo órgão competente, mas informou que o governo regulamentará as vendas para obrigar a destinação de parte do recurso levantado para a adequação e modernização da infraestrutura de pesquisa.
Com Stéfanie Rigamonti
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