Pressão de empresas de ônibus e a resistência até de aplicativos de entregas barram a entrada de aplicativos como Uber Moto e 99 em São Paulo, maior cidade do país.
O impedimento, via decreto do prefeito Ricardo Nunes, foi questionado na Justiça e as empresas só aguardam uma decisão desfavorável ao município para que o serviço seja prestado imediatamente na capital.
A prefeitura afirma que o veto se deve ao elevado número de acidentes envolvendo motos na cidade. Enquanto isso, no entanto, proliferam-se os serviços de mototáxi clandestino.
A proibição levou o Uber a fazer uma campanha publicitária em São Paulo, mostrando que o serviço de motos pelo aplicativo funciona desde 2020 no país, conta com mais de 800 mil motociclistas cadastrados, e já foi usado por mais de 20 milhões de brasileiros.
Ainda segundo o Uber, uma pesquisa recente do Datafolha apontou que 85% dos paulistanos acreditam que o serviço de moto por aplicativo é uma boa alternativa diante da falta de opções de transporte na cidade e 84% defendem a regulamentação da modalidade.
Resistências
No entanto, o preço das viagens preocupa empresas de ônibus e até gigantes como iFood e Rappi.
Uma corrida de moto custa pouco menos da metade de uma viagem de ônibus, segundo dados da Fipe —R$ 4,85 ante R$ 9,10, respectivamente. Para entregadores, uma viagem pessoal rende o dobro do que ganham fazendo um delivery.
Pessoas que acompanham essas conversas entre empresas e autoridades afirmam que essas barreiras são questionáveis.
As motos funcionam como complemento no trajeto de passageiros que pegam ônibus e precisam caminhar muito do ponto até sua residência ou destino final, grupo formado, em grande maioria, por mulheres, que optam pela segurança pessoal.
No caso de plataformas como iFood, Rappi e outras, a maior parte das entregas é feita no horário de almoço e jantar. Durante o dia, o entregador poderia faturar mais. Segundo as plataformas, no entanto, essa lógica só vale para cidades de menor porte. Nos grandes centros, o fluxo de entregas é intenso ao longo de todo o dia.
Com Stéfanie Rigamonti
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