O Copom (Comitê de Política Monetária) elevará a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 14,25% a 14,75% ao ano, em maio, nas previsões de 74% dos agentes econômicos consultados pelo Banco Central.
O resultado do questionário –enviado ao mercado às vésperas da mais recente reunião do colegiado do BC– foi divulgado pela autoridade monetária na manhã desta quarta-feira (26).
Entre as 127 respostas dos entrevistados, 19% apostaram em uma alta de 0,75 ponto percentual, enquanto 3% projetaram um aumento de 0,25 ponto percentual. Já outros 2% disseram esperar uma nova alta de um ponto percentual, enquanto 2% tinham expectativa de que o colegiado encerrasse o ciclo de alta de juros em março.
As respostas do questionário enviado aos analistas do mercado financeiro no dia 7 de março serviram como subsídio para a mais recente decisão do Copom sobre a Selic, que foi alçada na última quarta-feira (19) ao patamar de 14,25% ao ano, após nova alta de um ponto percentual –a terceira consecutiva.
No comunicado, o colegiado do BC também sinalizou que os juros vão continuar subindo na reunião de maio, quando pretende fazer uma nova elevação de menor intensidade. Apesar de ter indicado uma desaceleração do ritmo no próximo movimento, evitou se comprometer com um percentual específico de ajuste da Selic.
O comitê justificou a estratégia na ata divulgada nesta terça-feira (25), argumentando que buscou passar três sinalizações sobre a condução da política de juros. “Primeiramente, julgou que, em função do cenário adverso para a dinâmica da inflação, era apropriado indicar que o ciclo não está encerrado”, afirmou.
O colegiado do BC disse também que considerou pertinente comunicar que o próximo movimento seria de “menor magnitude” em função do efeito defasado da alta de juros sobre a economia, acrescentando que, diante da elevada incerteza, optou por antecipar a direção somente do próximo passo.
Se a aposta majoritária do mercado se confirmar, os juros se igualariam ao patamar observado em agosto de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Quanto ao movimento de junho, há maior incerteza no cenário de expectativas. Para 39% do economistas consultados pelo BC, será feita uma elevação de 0,25 ponto percentual. Outros 31% apostaram em um novo aumento de 0,5 ponto percentual, enquanto 29% disseram acreditar na manutenção dos juros.
O mercado, contudo, avalia que a escalada de juros deveria ser ainda mais agressiva. Quando os economistas foram questionados pelo BC sobre o que deveria ser feito em maio, a cifra de quem respondeu que o Copom deveria subir a Selic em 0,5 ponto percentual caiu a 48%.
Para 26% dos entrevistados, o ajuste necessário seria de uma alta de 0,75 ponto percentual, enquanto 13% defendiam uma nova elevação de um ponto percentual. Na outra ponta, 9% sinalizaram que a manutenção da taxa básica no atual patamar de 14,25% seria suficiente.
Para a reunião de junho, 40% dos analistas disseram que o Copom deveria subir a Selic em 0,5 ponto percentual, enquanto 23% defenderam uma alta de 0,25 ponto percentual e 27% responderam que a manutenção da taxa básica seria a decisão mais acertada.
O Copom volta a se reunir em 6 e 7 de maio para decidir sobre a Selic. O encontro de junho está programado para os dias 17 e 18.