A Ordem dos Economistas do Brasil concedeu a Javier Milei o prêmio de Economista do Ano. O grupo esteve em Buenos Aires nesta terça-feira (25) para entregar a premiação ao presidente da Argentina.
Milei esteve reunido com a direção por cerca de 1 hora e 15 minutos, segundo relatos à reportagem. Ele foi convidado para ir ao Brasil em agosto, para a cerimônia de premiação, e a Ordem diz que o presidente aceitou o convite e disse que quer cumprir agenda de três dias no país.
Na carta do prêmio que o próprio Milei compartilhou, a Ordem diz que a escolha pelo ultraliberal “não poderia ter sido mais acertada”. O grupo afirma que Milei atua com sabedoria e determinação nas políticas monetária e regulatória, levando à estabilização da economia argentina diante de tempos difíceis.
Seguem: “Sua visão estratégica e seu compromisso com a estabilidade econômica têm sido fundamentais para guiar o país em momentos de incerteza e volatilidade dos mercados”.
No ano passado, essa láurea foi dada ao então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, uma escolha questionada por outras associações do setor. O prêmio é concedido anualmente desde 1957.
Estavam presentes, de acordo com o governo, o presidente da Ordem, o professor da Faculdade de Economia da USP Manuel Enríquez García; o vice-presidente, Luis Carlos Barnabé, o coordenador local na Argentina, Iván Slepoy, e outros três membros honorários do grupo.
“Nossa tradição é a de, sem nenhuma ideologia, premiar economistas que ganham destaque por sua contribuição em postos do governo e à sociedade”, diz García por telefone. “Neste ano o nome foi Javier Milei.” Ele menciona o que chama de “efeitos positivos, principalmente entre as camadas dos mais pobres,” da gestão ultraliberal.
A Ordem ainda diz na carta que a cerimônia de entrega do prêmio será realizada em meados de agosto deste ano. Isso abre espaço para a possibilidade de que Milei, que não mantém boa relação com o presidente Lula (PT), vá novamente ao país.
O líder argentino esteve no Brasil em julho passado, quando ignorou uma cúpula do Mercosul em Assunção, no Paraguai, para priorizar a participação em um evento conservador em Santa Catarina no qual trocou afagos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e despertou múltiplos receios de uma escalada na tensão com Lula. Depois, no final do ano, compareceu, no Rio de Janeiro, para a cúpula do G20.
No comando da Casa Rosada, Javier Milei vinha consolidando uma política macroeconômica elogiada pelo empresariado e por parceiros internacionais, até se deparar com o primeiro escândalo de sua gestão: a divulgação da criptomoeda $Libra, acarretando denúncias de que o presidente estaria envolvido em um esquema de fraude. O tema é analisado pelo Ministério Público Federal argentino.
Como a reportagem detalhou, há cidadãos brasileiros entre aqueles que foram prejudicados pelo ativo digital e perderam seus investimentos, e um escritório de advocacia de Nova York trabalha nos casos para abrir uma ação civil em breve.
Milei reduziu a inflação mensal em mais de 20 pontos percentuais, chegando a 2,2% no último janeiro. Acumulou superávits fiscais, agora desafiado por balanças comerciais deficitárias, como por exemplo a com o Brasil. E projeções indicam que a pobreza, que saltou em seu governo diante das medidas extremas de arrocho, será reduzida a cerca de 38%, abaixo do índice legado pelos peronistas ao deixarem o poder.
Essa condução econômica é largamente questionada por políticos opositores por, entre outros pontos, ter desmantelado o Estado de bem-estar social no país, reduzindo e eliminando programas sociais.