Se você tivesse um investimento que só dá prejuízo há cinco anos, já teria vendido?
A maioria dos investidores responde que sim, mas na prática, a realidade é bem diferente. Mesmo após anos de desempenho ruim, muitos continuam segurando ações e fundos imobiliários (FII) no prejuízo. Isso acontece porque caem em dois vieses psicológicos que distorcem a realidade: o efeito posse e a falácia dos custos irrecuperáveis.
O efeito posse faz com que as pessoas valorizem mais aquilo que já possuem, mesmo que esse ativo não tenha o mesmo valor no mercado. Esse viés leva investidores a resistirem à venda de ativos que acumulam perdas, pois passam a enxergá-los como mais valiosos apenas por já estarem em sua carteira. Essa resistência impede que o investidor tome uma decisão racional baseada nas condições de mercado.
Esses dias, um investidor me falou: “essa ação, eu não vendo”. Então perguntei: “quais as qualidades que você admira nessa empresa?”. Ele não soube responder. A única razão era o preço. A empresa tinha lucros em baixa, competição se elevando, endividamento elevado e altamente influenciada por câmbio. o efeito posse caía como uma luva.
Além desse apego irracional ao ativo, há outro fator que impede a venda: o medo de admitir um erro e realizar a perda. A falácia dos custos irrecuperáveis faz com que o investidor se apegue ao preço pago por um ativo e baseie suas decisões futuras nesse valor, em vez de considerar as perspectivas reais de retorno. Isso leva a pensamentos como: “Só vou vender quando recuperar o que paguei” ou “Se eu vender agora, realizo o prejuízo, então vou esperar subir”, ignorando outras oportunidades e o risco de perdas maiores.
Nos últimos cinco anos, o Ibovespa e os fundos imobiliários tiveram desempenhos médios de 4,1% e 0,9% ao ano, respectivamente. Ambos abaixo da inflação, que acumulou 6,2% ao ano no período. Ainda assim, muitos investidores continuam presos a diversas ações que apresentam desempenhos muito piores sem reavaliar suas posições, dominados por esses vieses comportamentais.
Reforço que não estou recomendando a venda de toda e qualquer ação ou FII. Mas muitos destes não deveriam estar nas carteiras de investidores há tempos
Para ilustrar esse erro, imagine um investidor que comprou ações de uma empresa por R$ 30 e, cinco anos depois, agora elas valem R$ 20. Ele insiste em segurá-las até que voltem ao preço original, ignorando que pode haver investimentos mais promissores no momento. O mercado não sabe e não se importa com o preço que ele pagou. O foco deve estar no potencial de retorno futuro, não no que já foi perdido.
Se você identificou que está preso a esses vieses, talvez seja hora de reavaliar sua carteira e tomar decisões mais estratégicas. Pergunte-se: “Se eu tivesse esse dinheiro livre hoje, investiria nesse ativo novamente?” Se a resposta for não, manter o investimento só prolonga um erro. O dinheiro não tem sentimentos. Ele deve estar onde o futuro faz mais sentido.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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