Elon Musk buscou tranquilizar os funcionários da Tesla durante o que chamou de “um pouco de tempo tempestuoso”, após as ações da montadora despencarem mais de 50% em apenas três meses.
“Se você lê as notícias, parece o Armagedom”, disse Musk durante uma reunião geral transmitida na noite de quinta-feira (20) pelo X. O diretor-executivo brincou que não consegue passar por uma televisão sem ver um Tesla pegando fogo e ironizou seus críticos. “Eu entendo se você não quer comprar nosso produto, mas não precisa queimá-lo. Isso é um pouco exagerado.”
O CEO retomou um discurso familiar: os Teslas logo serão capazes de dirigir sozinhos. Embora a empresa ainda não tenha cumprido suas previsões — Musk recentemente se autodenominou “o menino que gritou lobo” —, ele repetiu uma afirmação feita pelo menos desde 2016: os Teslas estão a uma atualização de software de se tornarem autônomos.
“O que estou dizendo é: segurem suas ações”, disse Musk, pausando para aplausos durante o evento, que se estendeu além das 22h no horário local de Austin.
As ações da Tesla caíram até 1,4% para US$ 233,06 (R$ 1.281,83) antes do início das negociações regulares na sexta-feira (21). O valor despencou de um recorde de US$ 479,86 (R$ 2.639,23) em 17 de dezembro.
O vandalismo mencionado por Musk faz parte de uma crescente reação contra seu papel no governo do presidente Donald Trump. Manifestantes têm alvejado showrooms, veículos e estações de recarga da empresa nos EUA e na Europa.
As entregas da Tesla geralmente são mais lentas no primeiro trimestre, mas tanto as vendas quanto os embarques caíram drasticamente em mercados-chave no início deste ano. Além da resistência política, outro fator é a pausa na produção do veículo mais popular da empresa —o Model Y— para reconfigurar linhas de produção e iniciar a fabricação de uma versão redesenhada.
“Como estamos em popularidade? Bem, literalmente fazemos o carro mais vendido da Terra, de qualquer tipo”, disse Musk sobre o Model Y.
A Tesla anunciou que lançará modelos novos e mais acessíveis no primeiro semestre deste ano, mas deu poucos detalhes sobre esses veículos.
A rejeição a Musk levou Trump a organizar um desfile de Teslas no gramado sul da Casa Branca. Esta semana, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, foi à Fox News e incentivou os telespectadores a comprarem ações da Tesla. “Nunca mais estará tão barato assim”, disse Lutnick, possivelmente violando regras éticas.
“Há momentos em que enfrentamos turbulências”, disse Musk aos funcionários. “Mas estou aqui para dizer que o futuro é incrivelmente brilhante e empolgante, e vamos fazer coisas que ninguém sequer sonhou.”
Dan Ives, analista da Wedbush Securities e apoiador de longa data da Tesla, disse que a reunião foi “um primeiro passo para Musk mostrar que liderará a Tesla por esse período tumultuado”.
Na mesma semana, Ives fez uma rara crítica a Musk, pedindo que o bilionário se afastasse do governo Trump e voltasse a focar na Tesla. Ele alertou que o dano à marca escalou para um “momento de crise tornado para Musk e Tesla”.
Ao ser questionado por um funcionário se já pensou em fabricar aviões ou trens, Musk disse que considerou a primeira opção.
“Eu adoraria fazer aviões, especialmente, mas estou bastante sobrecarregado”, afirmou Musk. “Tenho, tipo, 17 empregos.”