O governo brasileiro aposta que o presidente norte-americano, Donald Trump, terá que recuar ainda mais em seu tarifaço por causa das pressões que está sofrendo de setores econômicos dos próprios EUA.
Ministros de Lula analisam que ele já deu um passo atrás ao anunciar um intervalo de 90 dias para negociações, baixando as tarifas impostas a produtos de quase todos os países ao piso de 10%. E acreditam que isso é apenas um começo: Trump terá que recuar inclusive em relação à China, sobre a qual impôs a maior tarifa, de 125%.
Uma autoridade que lida diretamente com o problema e discute com Lula as soluções disse à coluna que “as contradições e interesses internos dos EUA vão dificultar, ou até mesmo impedir, a implantação da medidas anunciadas por Trump”.
“É difícil implantar uma medida que, além disso, mexe com o mundo todo”, segue a mesma autoridade.
Não é por falta do que anunciar, portanto, que o governo brasileiro ainda não tomou medida alguma de retaliação. A ordem é esperar as coisas se assentarem para entender até onde Trump conseguirá avançar em seus desejos _apostando que será pouco, ou nada.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou já na terça-feira (8) que “não é o momento agora de anunciar medida. É tentar ver se a poeira abaixa, se estabiliza, para que nós possamos começar a nos movimentar”.
Uma outra autoridade do governo definiu as pressões que Trump sofre como “gigantescas”.
Nesta semana, diversos bilionários que apoiaram a candidatura do republicano à Presidência se manifestaram duramente contra as medidas, que impuseram taxas de 10% a 125% sobre produtos importados de mais de 180 países, tendo como alvo preferencial a China.
O investidor bilionário Bill Ackman, CEO e fundador da Person Square, disse que se Trump levar adiante as tarifas estará fazendo algo equivalente a lançar uma “guerra nuclear atômica”.
Na segunda (7), ele aconselhou Trump a declarar pausa de 90 dias no tarifaço para negociar com os diversos países. Dois dias depois, o presidente seguiu o conselho.
Ackman agradeceu publicamente, “em nome de todos os americanos”.
Outro investidor bilionário, Stanley Druckenmiller, também se posicionou contra. E o mais notório deles, Ellon Musk, dono do X, chamou Peter Navarro, o conselheiro de imbecil. Disse ainda que ele era “mais burro do que um saco de tijolos”. _tudo isso depois de ter sido reduzido pelo assessor a um montador de carros.
As notícias não são boas para Trump também entre o cidadão comum norte-americano.
Três institutos de pesquisa colheram opiniões de eleitores após a apresentação do tarifaço, segundo o monitoramento do estatístico Nate Silver.A popularidade de Trump piorou em todas as sondagens.
Na média, ele é hoje desaprovado por 50,1% dos norte-americanos, e aprovado por 46,3%.
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