Em meio à guerra de tarifas lançada pelos Estados Unidos, o presidente Lula vai se encontrar com o líder Xi Jinping no próximo dia 13, na China, confirmou o assessor especial da Presidência da República, embaixador Celso Amorim.
Questionado se Xi e Lula irão abordar as tarifas americanas sobre produtos chineses, brasileiros e outros, Amorim lembrou que a decisão sobre a viagem aconteceu “antes dessas ações do presidente Donald Trump” e que a agenda da cúpula bilateral ainda não foi estabelecida.
Mas adiantou que “é natural esse assunto” na reunião, até porque ele “tem hoje um lugar alto na pauta, obviamente”.
“É o maior parceiro comercial do Brasil. O Brasil é o maior na América Latina para eles. Dois chefes de Estado, dois países importantes, membros dos Brics, parceiros também em propostas de paz para um dos maiores conflitos atuais. É natural.”
Pequim se prepara para a visita de Estado, que será concentrada na agenda bilateral –sem se vincular necessariamente ao Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe), como previsto inicialmente, mas cuja data de realização ainda é dúvida.
“O importante é que o presidente Lula vai à China e fará a bilateral nessa data, na expectativa de que também possa haver o encontro com a Celac”, disse Amorim. “Mas se por acaso o encontro da Celac for mudado, a nossa ida se mantém.”
Além da reunião com Xi, Lula terá outros encontros com autoridades chinesas. “Há realmente projetos importantes, bilaterais”, afirmou.
Sobre anúncios a serem feitos na visita, respondeu que é “muito provável que haja” algo concreto sobre a aguardada sinergia entre os programas de infraestrutura dos dois países –o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Iniciativa Cinturão e Rota, conhecida no Brasil como Nova Rota da Seda.
Questionado quanto ao início de negociações para um acordo comercial China-Mercosul, como defendido por Lula no início de seu atual mandato, Amorim disse que por enquanto o Brasil está trabalhando mais na frente bilateral.
“Haverá a possibilidade de um acordo amplo, de características que não sejam exatamente de livre comércio, me parece”, acrescentou. “Porque há resistências em vários lugares. Mas isso não impede que haja acordos importantes.”
Quatro dias antes de Pequim, Lula estará em Moscou para o Dia da Vitória, a celebração dos 80 anos da capitulação alemã na Grande Guerra Patriótica, como é chamada na Rússia a Segunda Guerra Mundial.
“No caso da Rússia, claro que haverá alguma coisa econômica conversada, mas eu diria que é mais uma distinção”, diz o assessor especial. “Houve um convite oficial do [presidente Vladimir] Putin. O Brasil é um país dos Brics. É um país que tem uma proposta junto com a China” para a paz na Guerra da Ucrânia.