O presidente do BRB (Banco de Brasília), Paulo Henrique Costa, afirmou nesta segunda-feira (7) que a compra de 58% do Banco Master, se aprovada, terá impacto positivo de cerca de R$ 2 bilhões em cinco anos para os principais acionistas.
“Nós mostramos aqui a lógica inteira da operação, falando do impacto que essa operação vai trazer de resultado ao longo do tempo e passamos uma expectativa de dividendos para os principais acionistas. A gente está falando de um impacto de aproximadamente 2 bilhões [de reais] em cinco anos”, disse.
O governo do Distrito Federal tem 65% das ações do BRB, e outros 15% são do Instituto de Previdência da unidade administrativa. Uma outra fatia restante de 19,3% é negociada na Bolsa. Por ser controlada pelo poder público mas também ter papéis nas mãos de investidores privados, é uma empresa de economia mista (como a Petrobras, por exemplo).
O acordo para aquisição de 58% das ações do Banco Master foi aprovado pelo conselho de administração do BRB no último dia 28 de março. O Banco Central tem até 360 dias para dar aval à operação.
A declaração do presidente do BRB ocorreu após reunião fechada com deputados distritais na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Costa afirmou que o banco está “tendo todo o cuidado” e realizando as auditorias necessárias “para que somente as operações em que há interesse do BRB venham a fazer parte desse escopo [de compra]”.
Como mostrou a Folha, o BRB encontrou R$ 2 bilhões a mais em ativos de maior risco e baixa liquidez no Banco Master. Com os novos achados, os ativos que serão apartados do Master, como precatórios (dívidas a receber de sentenças judiciais), devem subir para R$ 25 bilhões.
“A nossa avaliação é de que o BRB, como banco público —ao ter um novo braço para atuar em mercado de capitais, em médias e grandes empresas, em câmbio e no cartão de crédito consignado—, vai aumentar a sua capacidade de competir, de gerar resultado, pagar dividendo para o principal acionista, que é o Distrito Federal”, disse Costa.
O presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz (MDB), aliado do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), reconheceu que a necessidade de aprovação ou não pelos deputados distritais é hoje uma das principais dúvidas sobre a operação.
“Essa talvez seja a dúvida que ainda paira sobre a Câmara Legislativa. Mas isso vai ser discutido tecnicamente e juridicamente. Há necessidade sim de discutir isso para que a gente tenha tranquilidade maior”, afirmou o presidente após a reunião.
Um parecer do último dia 3 feito pela consultoria da Câmara Legislativa do Distrito Federal pontuou que, por ser uma empresa de economia mista, o BRB depende de autorização legislativa para participar de empresas privadas —o que não ocorreu.
O BRB defende, porém, um parecer da Procuradoria do Distrito Federal. O documento diz que, “no caso das participações no capital de outras sociedades, a autorização poderá ser genérica” —abrindo margem para a aprovação pelo Conselho de Administração “em linha com o plano de negócios”.
O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) afirma que, durante a reunião, o presidente do BRB reconheceu que o plano de negócios do banco não prevê a operação.
“O presidente do BRB inclusive falou em construir um novo plano de negócios. Se é para construir um novo plano de negócios, [a compra] não estava prevista no plano de negócios [atual]. Se não estava prevista, tem que ter uma lei específica que tem que tramitar na Câmara Legislativa do DF”, diz.