A Aegea levou três dos quatro blocos do leilão pela concessão do serviço de saneamento de 126 municípios do Pará realizado nesta sexta-feira (11), na B3. Com isso, a empresa precisará investir R$ 15,2 bilhões para permitir a universalização da entrega de água limpa e coleta e tratamento de esgoto nas áreas urbanas dos municípios.
A empresa foi a única a participar da concorrência pelo bloco A, o mais aguardado do certame. O bloco agrega 25 cidades da região metropolitana de Belém, incluindo a capital paraense, e sozinho deve atrair R$ 6,2 bilhões em investimentos.
O grupo reúne 2,4 milhões de pessoas (um terço da população do estado) e tem a maior densidade populacional entre os blocos ofertados (27 habitantes por km², considerando toda a área municipal, inclusive a rural).
A empresa arrematou o leilão com uma outorga fixa de R$ 1,17 bilhão –um ágio de 12% em relação ao piso estipulado pelo governo paraense. Diferentemente dos outros três blocos leiloados, a Aegea precisará garantir a universalização do abastecimento de água limpa e de coleta e tratamento de esgoto até 2033 –nos demais blocos, a segunda exigência é para 2039.
Já o bloco B inclui 50 municípios. A empresa ofereceu uma outorga fixa de R$ 140,9 milhões, representando um ágio de 650% em relação ao piso do bloco. A única concorrente da Aegea na disputa do bloco foi a Servpred, que ofereceu R$ 30 milhões.
O bloco B tem a segunda maior densidade populacional dos quatro blocos (20 habitantes por km²). Esse fator é importante porque quanto maior a densidade populacional, menor tende a ser o investimento por consumidor.
Já o bloco D, que agrega 23 municípios, foi arrematado por R$ 117,8 milhões, um ágio de 250% em relação ao piso do bloco. Ele também atraiu o interesse da Azevedo e Travassos e do Consórcio Eldorado, que ofertaram R$ 62 milhões e R$ 48 milhões, respectivamente.
O bloco D inclui três das cidades mais ricas do estado, as mineradas Canaã dos Carajás, Parauapebas e Marabá e tem uma densidade populacional de 6 habitantes por km², também considerando as áreas rurais. Como, no entanto, o leilão abrange apenas a parte urbana dos municípios, a densidade é maior. A Folha pediu a densidade apenas das áreas leiloadas, mas o governo não enviou.
Já o bloco C, que reúne 27 municípios, não recebeu ofertas, conforme a Folha já havia adiantado. Segundo quem acompanhou as movimentações das empresas, o desinteresse aconteceu devido à baixa densidade populacional da região e à alta outorga fixa estipulada ao bloco, de R$ 400,5 milhões (a segunda maior).
O leilão desta sexta era um dos mais aguardados pela iniciativa privada e governos estadual e federal neste ano. Até por isso, estavam no evento o governador do Pará, Helder Barbalho, o ministro das Cidades, Jader Barbalho (irmão de Hélder) e o diretor de planejamento do BNDES e ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.