O bitcoin caiu abaixo de US$ 90 mil (R$ 517,91 mil), atingindo o nível mais baixo desde meados de novembro, após a euforia causada pela eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA, o que levou a criptomoeda a ultrapassar a casa dos US$ 100 mil.
A moeda virtual caiu até 7,6% nesta terça-feira (25) e chegou a ser negociado a US$ 88.997 (R$ 512,14 mil) por volta das 7h (9h de Brasília) na Bolsa de Nova York.
Outras criptomoedas também caíram, com Ether, XRP e Solana em forte queda na sessão. Um índice que acompanha os principais tokens digitais estava a caminho de sua maior queda de quatro dias desde o início de agosto.
A recente turbulência nos ativos digitais é uma mudança drástica em relação à busca que impulsionou os mercados de criptomoedas após a eleição de Trump em novembro do ano passado.
O bitcoin caiu cerca de 20% desde a posse do novo presidente dos EUA em janeiro, à medida que a postura combativa de Trump contra aliados e rivais geopolíticos abala a confiança dos investidores, e as preocupações com a inflação elevada persistem.
“A queda nos preços do bitcoin provavelmente está relacionada à incerteza macroeconômica mais ampla que atingiu a maioria dos mercados financeiros nos últimos dias e está ligada às várias tarifas anunciadas pelo presidente Trump”, afirmou Adrian Przelozny, diretor executivo da bolsa de criptomoedas Independent Reserve.
O iShares Bitcoin Trust ETF (ticker IBIT), o maior fundo de bitcoin à vista, perdeu US$ 158 milhões (R$ 909,22 milhões) na segunda-feira em uma rara saída, enquanto investidores retiraram quase US$ 250 milhões (R$ 1,44 bilhão) do Fidelity Wise Origin Bitcoin Fund —a terceira maior retirada entre todos os ETFs. Mais de US$ 956 milhões (R$ 5.5 bilhões) saíram dos ETFs de bitcoin à vista listados nos EUA em fevereiro, o pior mês já registrado para a categoria, mostram dados da Bloomberg Intelligence.
Nos mercados de derivativos, mais de US$ 1,34 bilhão (R$ 7,71 bilhões) em posições otimistas de criptomoedas foram liquidadas em um período de 24 horas, de acordo com dados do CoinGlass.
MEMECOINS TAMBÉM EM QUEDA
O sentimento também azedou após uma série de contratempos recentes específicos da indústria, incluindo o maior furto de criptomoedas já registrado, que teve como alvo a exchange Bybit, e um escândalo de memecoin envolvendo o presidente da Argentina, Javier Milei. Isso ajuda a explicar por que as moedas digitais têm tido um desempenho inferior a outros ativos de risco, como ações de tecnologia, nas últimas semanas.
O furto da Bybit, em particular, aumentou os temores sobre a segurança das plataformas de ativos digitais. Hackers que, segundo analistas, estão ligados à Coreia do Norte, levaram cerca de US$ 1,5 bilhão em Ether no ataque virtual da semana passada e começaram rapidamente a lavar o montante. Vários pesquisadores dizem que o crime revelou um nível crescente de sofisticação entre os hackers da Coreia do Norte.
Os memecoins lançados por Trump e sua esposa Melania pouco antes da posse também tiveram um desempenho ruim, minando a confiança em suas políticas pró-cripto. O token $TRUMP caiu mais de 80% desde que atingiu o pico quase imediatamente após seu lançamento, com base em dados do CoinGecko.
“O hack da Bybit foi o mais recente em uma série de eventos, como lançamentos questionáveis de memecoins, que trouxeram de volta memórias infelizes para os participantes do mercado de criptomoedas”, disse Caroline Mauron, cofundadora da Orbit Markets, uma fornecedora de liquidez para derivativos de criptomoedas.
Com reportagem adicional de Sidhartha Shukla e Katie Greifeld