O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, recebeu nesta sexta-feira (11) o dono do banco Master, Daniel Vorcaro. O encontro é feito em meio às discussões sobre o futuro da instituição privada.
O Master está no centro das atenções do mercado desde o fim de março após ter alcançado um acordo para vender 58% de suas ações totais para o banco estatal BRB. Ativos de maior risco não foram incorporados na transação, e agora outros bancos e o próprio BC discutem o futuro dessa fatia.
O banco privado construiu sua expansão baseado em grande parte em uma operação considerada arriscada para o sistema financeiro. Grande parte do montante captado pelo Master é investido em ativos de baixa liquidez, como precatórios, o que dificulta o pagamento de outras obrigações, como os CDBs (Certificado de Depósito Bancário).
Caso o Master não consiga cumprir suas obrigações, seria consumida quase metade do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Segundo o último balanço do FGC, de junho de 2024, o fundo tinha R$ 107,8 bilhões disponíveis para arcar com eventuais calotes de instituições financeiras. No mesmo período, o total de depósitos a prazo do Master somava R$ 45,6 bilhões, de acordo com dados do Banco Central, o equivalente a 42% do fundo.
Conforme publicou a Folha, é citado entre representantes do setor bancário que um eventual colapso do Master geraria uma ameaça à estabilidade do sistema bancário brasileiro.
O espólio dos ativos que ficaram de fora do negócio com o BRB (de maior risco e baixa liquidez) podem ser adquiridos por um consórcio de bancos com garantia do FGC. O assunto já foi tema de reunião em São Paulo, entre Galípolo e dirigentes dos maiores bancos privados do Brasil (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e BTG Pactual).
O caso coloca sobre os ombros de Gabriel Galípolo, há apenas três meses no cargo, o peso de buscar uma saída que afaste o risco de uma crise bancária de maiores proporções.