A inflação dos EUA caiu para 2,4% em março, resultado além das expectativas do mercado. A taxa coloca dúvidas sobre como o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá abordar à guerra tarifária do presidente Donald Trump.
Os números divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (10) superaram as expectativas dos economistas consultados pela Bloomberg, que previram que a inflação se manteria em 2,5%. O resultado também foi abaixo dos números de fevereiro, que ficou em 2,8%.
O índice mensal em março caiu 0,1%, depois de ter subido 0,2% em fevereiro. Economistas consultados pela Reuters previam altas mensal de 0,1% e anual para 2,6%.
Segundo a agência, o declínio provavelmente refletiu dos preços mais baixos de energia e do esgotamento dos efeitos dos aumentos de preços do início do ano.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, os preços ao consumidor aumentaram 0,1% em março, de 0,2% em fevereiro. O chamado núcleo da inflação subiu 2,8% em março na base anual, de uma taxa de 3,1% em fevereiro.
Na última semana (4), o presidente do Fed, Jerome Powell afirmou que as novas tarifas do presidente Donald Trump são “maiores do que o esperado” e as consequências econômicas, incluindo maior inflação e crescimento mais lento, provavelmente também serão.
As observações de Powell vieram após o tarifaço de Trump e em meio a uma queda global de ações em resposta às políticas do republicano.
Em resposta, Trump acusou o chefe do banco central do país de “brincar de política” com as decisões do Fed e disse que “este seria um momento PERFEITO para o presidente do Fed, Jerome Powell, cortar as taxas de juros. Ele está sempre ‘atrasado’, mas agora poderia mudar sua imagem, e rapidamente”.
Os dados de março capturaram apenas uma fração da primeira onda de tarifas de importação de Trump, incluindo uma tarifa de 20% sobre os produtos chineses e taxas sobre o aço e o alumínio.
Na quarta-feira (9), o presidente dos EUA anunciou que suspenderia as tarifas recíprocas sobre os parceiros comerciais dos EUA por 90 dias. A medida fez as ações dos EUA dispararem, com o S&P 500 registrando seu melhor dia desde 2020.
Trump, contudo, se negou a suspender as taxas da China. Ao contrário, aumentou para 125% (era 104%) após a China e União Europeia anunciarem retaliações de 84% e até 25% aos EUA, respectivamente.
O Fed enfrenta um dilema entre cortar as taxas de juros para evitar uma possível desaceleração gerada pelas tarifas abrangentes de Trump sobre os parceiros comerciais dos EUA ou mantê-las mais altas para evitar um ressurgimento da inflação.
Com informações da Reuters e Financial Times