Enquanto Estados Unidos e China trocam chumbo grosso na briga por tarifas, o mercado de soja é o que mais entra em foco entre as commodities. Os registros de exportação de soja dos Estados Unidos para a China da safra 2024/25 somavam 22,1 milhões de toneladas até 31 de agosto.
Deste volume, faltam 598 mil toneladas, que, com certeza, não serão mais embarcadas. Antes dessa mais recente rodada de troca de taxas entre os dois países, a soja americana chegaria aos portos chineses próximo de US$ 650 por tonelada, bem acima dos US$ 430 do produto brasileiro.
O volume importado pela China dos Estados Unidos nesta safra de 2024/25 foi antecipado no ano passado. O país já esperava, à época, uma reação de Donald Trump, quando ele assumisse a Presidência.
A China agora fica de olho no Brasil, o mercado de maior potencial neste ano. Os mercados importadores que não afrontarem os Estados Unidos nessa escalada de tarifas, no entanto, vão continuar importando soja americana sem taxas ou com as tarifas que eventualmente já praticavam antes, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural.
Já à China restam Brasil e Argentina, esta com um potencial menor do que o do Brasil. Sem Estados Unidos, a China deverá pagar um preço maior pela soja brasileira, que descola dos valores da Bolsa de Chicago e sobe devido a demanda, prêmios de exportação e câmbio. Já Chicago vai refletir a situação dos Estados Unidos, diz a analista.
A União Europeia anunciou que pretende impor tarifas de 25%, mas é uma operação que tem várias fases. A taxa europeia sobre a soja americana só entraria em vigor no início de dezembro.
A maior presença chinesa no Brasil encarece a soja brasileira, e tradicionais compradores do Brasil devem buscar o produto nos Estados Unidos, onde a oleaginosa poderá estar mais barata, afirma Daniele.
O comportamento da soja no Brasil já se descolou do de Chicago. Na última semana, a saca de soja subiu para R$ 130 em Cascavel (PR) e para R$ 113 em Sorriso (MT), com aumentos de 3,6% e 4,2%, respectivamente, conforme acompanhamento de preços da AgRural. Em Chicago, houve queda de 1,6%.
O milho não deverá ter grandes mudanças, uma vez que a China está praticamente fora desse mercado neste ano.
Alimentação
A inflação dos alimentos subiu 1,18% na primeira quadrissemana de abril, uma taxa inferior à de março, quando os preços tiveram reajuste médio de 1,44%.
Alimentação 2
Puxam para baixo a taxa inflacionária arroz, laranja, óleo de soja e contrafilé. Tomate, leite e café mantêm a pressão de alta, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Os que acreditam
Parte dos agricultores americanos acredita que as medidas tarifárias de Donald Trump exigem sacrifícios agora, mas que poderão trazer alívio no longo prazo.
Os que não acreditam
Outros relembram o primeiro mandato do presidente e temem por mais alguns anos de perda de mercado externo para as commodities dos Estados Unidos.
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